Alegando uso por terroristas, Rússia pode bloquear Telegram

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POR FOLHAPRESS
O governo russo ameaça bloquear o aplicativo de mensagens instantâneas Telegram, caso seus controladores não forneçam informações sobre conversas criptografadas de acusados de envolvimento de terrorismo.
A ameaça foi feita pela agência reguladora de comunicação do país, a Rozkomnadzor, após o FSB (Serviço Federal de Segurança, principal agência sucessora da KGB soviética) divulgar que o homem-bomba que matou 15 pessoas em um ataque no metrô de São Petersburgo no dia 3 de abril usava o “chat secreto” do Telegram para falar com seus contatos extremistas na Ásia Central -ele poderia estar sob ordens da Al Qaeda ou do Estado Islâmico, mas isso não foi confirmado.
“Os mais ativos membros de organizações terroristas internacionais no território russo usam o Telegram”, afirmou o comunicado do FSB, que considera o grau de segurança do “chat secreto” bastante alto.
Nesta segunda (26), o serviço de segurança prendeu em Odintsovo, cidade próxima de Moscou, um dos suspeitos de integrar a célula terrorista que atacou São Petersburgo. Abror Azimov estava armado, mas nega envolvimento com o atentado.
A disputa entre a Rússia e o Telegram é longa, e lembra os embates de aplicativos similares, como o WhatsApp, no Brasil.
Basicamente, as autoridades querem acesso ao conteúdo de conversas em casos criminais ou de segurança nacional. As empresas dizem ser tecnicamente impossível, até porque esse é o cerne da privacidade que vendem, e lembram que isso enseja violações constitucionais de sigilo.
O fundador do Telegram, Pavel Durov, publicou nesta segunda-feira na rede social russa VKontakte uma declaração elevando esses motivos, e dizendo que já mandou bloquear 5.000 canais de suspeitos de divulgar informações úteis a terroristas no Telegram. Ele sustenta que “se você quiser derrotar o terrorismo bloqueando as coisas, terá de bloquear a internet”.
Durov tem longa história de conflito com o Estado russo. Criador da VKontatke, o “Facebook da Rússia”, ele acabou afastado após dar declarações polêmicas e se negar a bloquear o perfil do blogueiro Alexei Navalni, o mais estridente líder de oposição ao governo de Vladimir Putin. Ele e o irmão deixaram a Rússia, compraram uma nacionalidade caribenha investindo US$ 250 mil nas ilhotas de São Cristóvão e Névis, e fundaram em Berlim o Telegram.
O aplicativo sempre foi visto como tendo mais alto nível de segurança do que o mais conhecido WhatsApp, que elevou o grau de sua criptografia para tentar igualar-se à concorrência. No Brasil, policiais federais costumam usar o produto de origem russa.
Para o governo russo, a segurança do país está em risco com a não divulgação das informações criptografaras, que as autoridades afirmam serem sim passíveis de revelação. A diferença com o caso brasileiro, no qual o WhatsApp costuma ser bloqueado por não informar dados de investigados criminalmente, é que o Judiciário não tomou parte da discussão na Rússia. Com informações da Folhapress.

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