Bancos credores vão assumir controle da Máquina de Vendas

Ricardo Eletro
Os três maiores bancos privados do país – Santander, Bradesco e Itaú – vão deter 51% da holding Máquina de Vendas, dona das redes de lojas Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar, Salfer e Eletro Shopping, conforme informações de fontes do mercado que pediram para não serem identificadas pela reportagem.
Procurado pela reportagem, o presidente da holding, Ricardo Nunes, não confirmou a transação – mas também não descartou. “Estou em período de silêncio”, disse. A transação, segundo uma fonte a par da negociação, seria fruto de dívidas do grupo. Desde o ano passado, a holding estava passando por um processo de reestruturação de sua dívida com os bancos e renegociando debêntures (títulos de dívidas). Com a medida, o controle da holding passaria para os bancos credores.
Entre 2013 e 2014, a empresa buscou atrair um fundo de investimentos como sócio, mas as conversas não foram adiante. Segundo reportagem do ano passado do jornal “Estado de S. Paulo”, o faturamento da Máquina de Vendas caiu cerca de 10% em 2015, totalizando em torno de R$ 7 bilhões. A dívida bruta do grupo, que era de R$ 2,4 bilhões ao fim de 2014, estaria na casa dos R$ 3 bilhões, segundo duas fontes a par do assunto. Na ocasião, Ricardo Nunes não confirmou o valor.
No ano passado, entre março e abril, decidiu fechar de 100 a 130 lojas no país, em especial na região Nordeste. Na época, a justificativa para a medida foi o processo de unificação de marcas, além do baixo rendimento de algumas unidades. Uma das fontes do mercado ouvidas pela reportagem ressaltou que as instituições financeiras não teriam interesse em atuar no varejo, e que elas iriam participar da reestruturação da dívida do grupo.
Análise. Para o professor de economia da Universidade Fumec Eduardo Amat, num cenário marcado pela crise, com redução do poder de compra do consumidor – o que vem afetando o desempenho de diversas empresas do varejo em todo o país –, o mais provável é que aconteça a troca da dívida pelo controle acionário.
Já o coordenador do curso de administração do Ibmec/MG, Eduardo Coutinho, diz que ter participação numa das maiores companhias do varejo do país pode ser um bom negócio para os bancos. “Em todo negócio existe um risco, mas ele pode ser calculado. Estamos caminhando para uma melhora da economia brasileira, o que pode acontecer ainda no fim deste ano e começo do próximo”, analisa.
Procurado pela reportagem, o Santander, por meio de nota, disse que não comenta rumores do mercado. O Bradesco informou que não confirma a informação. E o Itaú ressaltou que não se manifesta sobre dívidas de empresas que são clientes do banco. (Colaborou Helenice Laguardia)
Aquisições
O grupo Máquina de Vendas nasceu em março de 2010, como resultado da fusão das empresas Insinuante e Ricardo Eletro;
A companhia investiu na expansão com a aquisição das bandeiras City Lar (junho de 2010), Eletro Shopping (junho de 2011) e Salfer (abril de 2012). A marca Ricardo Eletro representa o grupo desde 2016;
Em julho de 2016, eram quase mil pontos de venda em 23 Estados e no Distrito Federal.
otempo

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