Temer entrega nesta segunda ambulâncias no RS

Ambulâncias que vão ser entregues pelo presidente Michel Temer no Rio Grande do Sul (Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS)

Em uma tentativa de afagar prefeitos em meio à crise econômica e de construir uma agenda positiva para melhorar a própria imagem, o presidente Michel Temer viaja nesta segunda-feira (9) ao município de Esteio, no Rio Grande do Sul, para entregar 61 ambulâncias ao estado.Temer também vai fazer uma sobrevoo em áreas atingidas pelas enchentes no estado, e depois deve se reunir com prefeitos das cidades que sofreram estragos, de acordo com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

As ambulâncias serão distribuídas para 61 municípios gaúchos e fazem parte de um total de 340 ambulâncias a serem entregues a diversas cidades do país. As novas unidades ajudarão na renovação da frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), informou o Ministério da Saúde. Questionada pelo G1, a pasta não divulgou o valor investido nos veículos.

Os ministros Ricardo Barros (Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Eliseu Padilha (Casa Civil) acompanharão o presidente na solenidade. São esperadas ainda as presenças de aliados do governo Temer no Rio Grande do Sul, como o próprio governador do estado, Ivo Sartori, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB), e o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB).

Apesar da predominância de nomes peemedebistas e tucanos ao lado do presidente, prefeitos de todo o estado e dos mais variados partidos também participarão do evento.

Por meio da entrega de ambulâncias completas, prontas para uso, a solenidade servirá principalmente para acalmar os ânimos dos aliados municipais diante da crise econômica e aparar arestas após a disputa por parte do dinheiro arrecadado com a multa do programa de repatriação. Antes resistente à ideia de dividir os recursos derivados da multa com os municípios, além dos estados, o governo federal realizou o pagamento no dia 30 de dezembro.

A cerimônia foi pensada ainda para promover Eliseu Padilha e Osmar Terra, ambos do Rio Grande do Sul e considerados dois dos principais ministros de Temer.

O primeiro é amigo pessoal do presidente há décadas e concentra grande parte do trabalho da articulação política desde a saída do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima. Já o segundo é responsável por uma das maiores vitrines do governo, o programa Criança Feliz, cuja embaixadora é a primeira-dama Marcela Temer.

A iniciativa da entrega das ambulâncias também faz parte da construção de uma agenda positiva por parte do Palácio do Planalto. Com a popularidade em baixa, a avaliação é de que Temer precisa sair mais de Brasília e estar mais presente na divulgação de ações do governo. A ideia, inclusive, é de que Temer participe de um evento por semana fora do Planalto.

A tentativa de se aproximar da população não está restrita ao Sul. Em cerimônia em Maceió (AL) ao final de dezembro na qual anunciou o repasse de verbas para combater a seca, o presidente paulista de Tietê declarou que sonha em ser reconhecido, ao concluir seu mandato, como o “maior presidente nordestino que passou pelo Brasil”. O peemedebista é o filho caçula de um casal que imigrou do Líbano para São Paulo na década de 1920.

Oficialmente, porém, o governo nega que procura minimizar a crise gerada pela economia cambaleante e agradar prefeitos, em especial da base aliada.

“Não tem discriminação [de políticos nem de partidos]. Convidamos todos os deputados do estado, inclusive do PT”, afirmou o ministro Osmar Terra ao G1.

Já Ricardo Barros disse que a cerimônia faz parte de uma “programação de rotina, um calendário de ações a serem executadas”. “Publicamos muitas coisas no Diário Oficial no ano passado e agora estamos fazendo uma ação de divulgação”, argumentou.

Agenda no RS e ida a Portugal

Temer deve embarcar para Porto Alegre da base aérea de Brasília no início da manhã. Da capital gaúcha, segundo Eliseu Padilha no Twitter neste domingo (8), Temer sobrevoará áreas inundadas nos municípios de Rolante e Riozinho, além de conversar com prefeitos e pessoas da região em Alto Rolante. O rompimento de um açude na última quinta-feira (5) deixou parte das cidades debaixo d`água.

De lá, Temer seguirá para o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio às margens da BR-116, onde a cerimônia está prevista para as 10h30.

Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, foi escolhido para a solenidade justamente por contar com o parque de exposições, cujo acesso será restrito aos convidados e cuja segurança é mais fácil de ser controlada por ser um espaço fechado. Outro ponto a favor é o fato de o local ser um dos únicos no estado com capacidade para perfilar todas as ambulâncias a serem entregues.

Esta é a primeira vez que Michel Temer viaja ao Rio Grande do Sul como presidente da República, cargo que assumiu em 12 de maio com o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff.

Ao longo desses oito meses, Temer fez viagens aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Ceará e Alagoas. No mesmo período, o peemedebista também teve compromissos nos Estados Unidos, na China, na Índia, no Japão, na Argentina e no Paraguai.

A volta a Brasília será a partir da base aérea de Canoas às 12h40. Por volta das 19h, segundo o Planalto, Temer embarcará para o funeral do ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal Mário Soares, que morreu neste sábado (7), aos 92 anos. Os atos fúnebres ocorrerão em Lisboa, capital do país, na terça-feira (10). A previsão inicial do Planalto é de que Temer retorne ao Brasil na própria terça.

A decisão de ir a Lisboa para a despedida do político português se dá em meio ao momento em que o chefe do Executivo tem sido criticado por não ter viajado na semana passada a Manaus e Boa Vista após as duas capitais da Região Norte terem registrado rebeliões que terminaram com quase 100 detentos mortos.

Renovação de ambulâncias

De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, as 61 ambulâncias representam uma renovação de cerca de 30% da frota do Samu no Rio Grande do Sul. A prioridade é substituir veículos que já têm mais de cinco anos de uso.

“Nossa linha de corte é de cinco anos de uso para as ambulâncias. Investimos R$ 1 bilhão por ano na manutenção do Samu. A renovação varia de estado para estado. Alguns não prestam todas as informações solicitadas ou não mantêm as equipes. Queremos uma prestação de contas para o dinheiro repassado”, disse, sem citar casos específicos.

Questionado se haverá ainda uma renovação nas motocicletas e nos helicópteros utilizados pelo Samu, Barros afirmou que “certamente haverá uma solicitação nesse sentido”, mas é preciso “avaliar a previsão orçamentária.

g1.globo.com

 

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