Para pesquisadores, 7 a 1 na Copa de 2014 influenciou no impeachment

Seleção brasileira
O futebol brasileiro ficará para sempre marcado por aquele 7 a 1 humilhante aplicado pela Alemanha dentro do Mineirão, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Mas o choro e o pedido de desculpa de David Luiz, a ausência do lesionado Neymar, a parcimônia de Felipão, atônito ao lado de Parreira no banco de reservas, e a inércia de Fred naquele jogo trágico parece ter contribuído em outro processo: aquele que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pelo menos é isto que afirma pesquisadores.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, os economistas Eduardo Zilberman e Carlos Carvalho, este último do Banco Central, relacionaram o resultado com o crescimento da insatisfação popular com o governo. Com a auto estima do país jogada aos cacos no esporte que é a verdadeira essência do brasileiro, as cobranças se tornaram ainda mais incisivas.
Mas não foi só o povo que sentiu o golpe. Os economistas cruzaram a cronologia de eventos da última eleição presidencial com a movimentação da Bolsa de Valores e o resultado foi o mesmo. O 7 a 1 impactou o mercado financeiro e também influenciou na eleição apertada vencida pela petista em 2014. Um campo aberto para  as tensões que se sucederiam.
“A nossa hipótese é que já existia uma insatisfação latente com o governo que o 7×1 fez aflorar, e o mercado financeiro percebeu isso”, avaliou Zilberman.
Ou seja, o mau resultado no futebol só teria potencializado a insatisfação que teve início ainda em 2013, com as manifestações que explodiram no país antes da disputa da Copa das Confederações. A relação do esporte com a política não é algo novo no Brasil, mas também não é exclusividade do país. Outras nações no mundo registram o mesmo movimento, mesmo em uma escala mais provinciana, como é o caso dos Estados Unidos. Pesquisadores norte-americanos já detectaram a influência dos resultados de times de futebol americano locais nas eleições.
E se tudo tivesse sido diferente? 
Também à Folha de S.Paulo, os economistas Eduardo Zilberman e Carlos Carvalho traçaram um hipotético quadro em caso de vitória da seleção na Copa de 2014, o sonhado hexacampeonato. Para os pesquisadores, o mercado financeiro iria prever um fortalecimento da presidente, que poderia até ter ganhado a eleição com uma vantagem muito maior.
Até mesmo uma derrota menos humilhante, como um 2 a 1, poderia ter aplacado a insatisfação, aumentando as chances de uma vitória tranquila de Dilma.
“Acho que a dramaticidade do fracasso, de alguma maneira, tirou o brasileiro da zona de conforto”, encerra Zilberman.
otempo

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