Trabalhadora mantida em condições de escravidão e comendo restos foge e denuncia patroa

Trabalhadora mantida em condições de escravidão e comendo restos foge e denuncia patroa

Depois de nove meses alimentando-se com restos de comida e sendo submetida a condições extremas de trabalho doméstico no Mato Grosso do Sul, uma moradora de Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi resgatada da condição análoga à escravidão e retornou a Minas Gerais na manhã de segunda-feira (29).

A chegada dela no aeroporto em Confins, também à região metropolitana, foi acompanhada pela própria mãe e pela delegacia de Polícia Civil do município onde ela vivia antes de ser levada à força para Campo Grande, capital do estado na região Centro-Oeste do Brasil. A mulher de 34 anos foi encaminhada ainda nesta segunda-feira para uma unidade de saúde em Mateus Leme onde foi internada por desnutrição. O crime será investigado pela Polícia Federal (PF), e a Justiça do Trabalho foi acionada.

A vítima foi sequestrada, segundo revelou à polícia, há cerca de nove meses, e, em fevereiro, a mãe dela registrou uma ocorrência alegando que não recebia notícias da filha há muito tempo e declarou não saber o paradeiro dela. Entretanto, de acordo com a polícia, o boletim não continha indícios de crime. As condições em que vivia a mulher foram descobertas depois que ela conseguiu fugir, no domingo (21), da residência onde era mantida em cárcere privado, como esclarece a delegada Ligia Barbieri Mantovani.

“As informações que nós temos são que a vítima foi levada à força para o Mato Grosso do Sul onde ela foi obrigada a prestar serviços domésticos sem remuneração, comia restos e era proibida de manter contato com outras pessoas ou de se locomover. Ela fugiu e foi ajudada por uma igreja da cidade, que entrou em contato com a delegacia de atendimento à mulher da cidade que, por sua vez, nos procurou em Mateus Leme”, revela.

A suspeita do crime é uma ex-empregadora da mãe da vítima. “A mãe trabalhou para a autora, que tem 70 anos, durante alguns anos, e foi assim que se estabeleceu contato entre a vítima e a autora”. Ainda não há detalhes sobre como a vítima foi levada para Campo Grande, mas, segundo a Polícia Civil, sabe-se que ela foi arrastada à força. “Fizemos diligências, identificamos os familiares da vítima e, através de um trabalho conjunto das polícias, na data de hoje, a vítima foi colocada num avião, desembarcou no aeroporto em Confins e foi recebida por nossa equipe”, esclarece a delegada.

Investigações seguem com a Polícia Federal, e além da mulher de 70 anos, um filho dela também é suspeito do crime. A vítima, por sua vez, foi internada em uma unidade de pronto atendimento médico em Mateus Leme. “Ela encontra-se internada. Está tomando soro, porque, após a consulta com o médico, ele sinalizou uma possível desnutrição”, concluiu Lígia Barbieri Mantovani. Jornal O TEMPO 

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