Carne: preço mais baixo não chegará ao consumidor

Carne: preço mais baixo não chegará ao consumidor

  • Retomada das importações chinesas deve voltar a encarecer o produto no mercado interno
  • Já se somam 16 meses de elevação no preço da carne bovina
  • Segundo Andre Braz, se o embargo fosse maior o consumidor sentiria uma queda mais forte dos preços

Após 16 meses de aumentos consecutivos, o preço da carne nos frigoríficos sofreu uma forte queda em outubro, mas nos mercados brasileiros a alteração foi mínima, de apenas 0,3%. Com o retorno das importações à China e a alta dos combustíveis, a tendência é que o preço volte a subir.

Foram dois meses de embargo chinês à importação do produto brasileiro, devido a dois casos atípicos da “doença da vaca louca” notificados em Minas Gerais e no Mato Grosso. Mesmo com a rápida resposta da Organização de Saúde Animal (OIE) de que as ocorrências não representavam risco de contaminação para a cadeia produtiva brasileira, os chineses mantiveram o veto.

Durante esse tempo, as exportações caíram pela metade e o preço da arroba do boi gordo registrou R$ 262,90, o menor desde 30 de dezembro de 2020. Em junho deste ano, a cotação bateu recorde de R$ 322,00. Isto, no entanto, não foi suficiente para abaixar os preços no mercado interno. Segundo especialistas, essa demora é normal, pois são muitos estágios desde a criação do gado até o ponto de venda final, e até chegar essa redução no consumidor demora, e muitos produtos acabaram ficando estocados em câmaras frias e contêineres nos portos.

“Normalmente esse estoque foi adquirido com preço mais alto. Na medida em que esse abastecimento vai sendo reposto, é que a gente vai ver no supermercado e nos açougues uma queda maior nos preços”, disse economista Alex Araújo, em entrevista ao jornal O Povo, de Fortaleza.

Segundo André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), para que uma mudança se sentisse no bolso do brasileiro, o veto teria de ser mais longo. “Quanto maior for o tempo do embargo, maior é a probabilidade de a gente ver queda no preço. A taxa em 12 meses das carnes ainda está acima de 20%. Então, é preciso ter muitas quedas para que o consumidor volte a consumir carnes como antigamente”, relata o pesquisador.

 

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