Megaoperação em resposta às mortes de médicos tem dois helicópteros abatidos

Megaoperação em resposta às mortes de médicos tem dois helicópteros abatidos  e 58 escolas fechadas

A polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro iniciaram uma megaoperação conjunta, nesta segunda-feira (9), em resposta aos assassinatos dos médicos Perseu Ribeiro Almeida, Marcos Corsatto e Diego Ralf Bomfim – irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) – na orla da Barra da Tijuca, na quinta-feira passada (5). Mais de mil agentes foram mobilizados para o Complexo da Maré e Vila Cruzeiro (no Complexo da Penha), ambas na Zona Norte, e Cidade de Deus, na Zona Oeste.

As regiões são controladas por uma facção criminosa, a mesma que, segundo as principais linhas de investigação sobre o crime, está envolvida nas mortes dos profissionais de Saúde. Os policiais visam prender cerca de 100 integrantes da cúpula da maior facção do tráfico de drogas do estado. Entre os alvos estão Wilton Carlos Rabelho Quintanilha, o Abelha, e Edgar Alves de Andrade, o Doca.

Abelha e Doca são investigados por dar a ordem de execução dos quatro criminosos que supostamente mataram os ortopedistas por engano. A sentença teria sido decretada pelo chamado Tribunal do Crime, porque a execução ganhou destaque nacional e revoltou os líderes do tráfico. Os corpos dos traficantes foram encontrados na madrugada de sexta (6).

A ação da Polícia começou por volta das 5h30, quando um imenso comboio chegou às regiões. Dois helicópteros – um da PC e outro da PM – foram atingidos por disparos quando sobrevoavam a Vila Cruzeiro e tiveram que fazer pouso de emergência. Nenhum agente se feriu com gravidade.

Segundo José Renato Torres, secretário da Polícia Civil no RJ, todos os membros da facção criminosa que têm mandados de prisão são alvos desta operação. Torres informou que o setor de inteligência detectou uma migração de integrantes da cúpula da facção para essas comunidades, o que deflagrou a operação. Até o momento, quatro suspeitos estão presos.

“Todos os integrantes dessa facção criminosa que têm mandado de prisão são alvos dessa operação. A atividade de inteligência, ao longo desse tempo, que foi anunciada a Operação Maré, detectou a migração dessa organização criminosa para outras comunidades, reduto deles também. Então, decidimos aumentar o escopo de atuação com a Vila Cruzeiro e a Vila do João”, afirmou.

De acordo com informações iniciais, a operação envolve homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope), Polícia de Choque e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core). Em relação às aeronaves atingidas, Torres declarou que elas estão passando por uma avaliação.

O secretário da Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, assegurou que todos os agentes envolvidos na operação na Maré estão utilizando câmeras corporais.

“Todos os agentes empregados no cerco da comunidade da Maré estão usando câmeras corporais. Os drones possuem reconhecimento facial e leitura de placas. Temos imagens das câmeras portáteis e também das aeronaves. Então, tudo isso está interligado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), com transmissão das imagens em tempo real”, ressaltou.

As operações desta segunda afetaram mais de 20 mil estudantes, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Educação. No Complexo da Maré, 44 escolas foram fechadas, com mais de 16 mil alunos sem aula. Na Vila Cruzeiro, outras 14 unidades de ensino e cerca de cinco mil alunos foram prejudicados.

Já a Secretaria Municipal de Saúde (SME) informou quem na região do Complexo da Maré, as clínicas da família (CF) Jeremias Moraes da Silva, Augusto Boal, Adib Jatene e Diniz Batista dos Santos, e o Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do João acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento na manhã desta segunda-feira (9).

Quem são?

O chefão do tráfico Abelha deixou a cadeia em julho de 2021, mesmo com mandado de prisão em aberto. Na saída, foi flagrado apertando a mão do então secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, o que cauou suspeita sobre acordo ilegal. De acordo com investigações da Polícia Civil, o criminoso tem sido responsável pelas decisões estratégicas da facção criminosa.

Doca já foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em outra ocasião por ter decidido, com outros traficantes, pela morte de criminosos da facção. Em 2021, cinco bandidos da comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada, mataram três meninos, entre 9 e 12 anos, com a alegação de que eles tenham sido mortos pelo furto de uma gaiola de passarinhos.

O assassinato das crianças levou a facção a determinar a morte dos cinco traficantes. De acordo com a denúncia do MP, Doca votou pela morte dos criminosos.

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