Café é o produto agrícola brasileiro mais próximo das novas exigências ambientais da UE. Carne é o mais distante
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Estudo mapeia rede de produção de seis ‘commodities’ exportadas pelo Brasil, para verificar adequação às normas do bloco europeu que barram a entrada de bens oriundos de áreas desmatadas.
Um estudo que mapeou a rede de produção de seis commodities agropecuárias do Brasil avaliou quais delas estão em melhores condições de entrar em conformidade com a nova legislação da União Europeia (UE) que proíbe a importação de bens oriundos de áreas desmatadas. O café se destacou como o produto mais propenso a atender às exigências, enquanto a carne bovina ficou na pior posição.
O trabalho, realizado pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), no Rio de Janeiro, foi publicado nesta semana no periódico acadêmico Ecological Economics. A pesquisa avaliou ainda soja, dendê, madeira e cacau.
A participação do café na pauta de exportações brasileira, no entanto, é relativamente pequena: 2,154%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), referentes a 2023. Fica pouco abaixo da carne, com 2,795%. A principal commodity exportada pelo país é a soja, com uma fatia de 15,674%.
Produção pulverizada
Por meio da aplicação de um “índice de probabilidade de conformidade”, o estudo conclui que “o setor cafeeiro do Brasil pode atualmente ter o maior potencial para pronta conformidade com os requisitos de livre desmatamento da UE e do Reino Unido.” Mas ressalta que o gado pode enfrentar os maiores desafios regulatórios, “exigindo um período de transição e investimentos potencialmente mais longos, ou — no pior dos casos — sendo desviado para mercados alternativos.”
A nova legislação europeia exige que os exportadores se adaptem, até o fim deste ano, às regras para reportar a cadeia produtiva completa de todo seu volume comercializado e comprovar que os estoques não saíram de áreas desmatadas depois de 2020. A pesquisa do IIS também considerou regras de legislação semelhante do Reino Unido, que veda a importação de produtos associados a desmatamento ilegal.
O índice de probabilidade de conformidade atingiu 89% para o café. A soja ficou em 64%, a madeira em 46%, o dendê em 44%, o cacau em 33% e a carne bovina em 30%.
Na elaboração do índice, um dos fatores considerados foi o das taxas de desmatamento nas áreas onde essas commodities estão sendo produzidas. A expansão da fronteira agrícola nas áreas de Amazônia e Cerrado, por exemplo, possui muitas pastagens novas, o que prejudicou avaliação da pecuária.